domingo, 26 de abril de 2015

Moça do Laço de Fita



A Margarida só floresce
Quando a jardineira vem lhe afagar.
O poeta só escreve
quando a moça vem lhe inspirar.

A moça só fica bonita
Quando põe o vestido
O laço de fita
E o batom colorido.

O poeta só faz seu oficio
Se a moça vier
Ai que sacrifício
Depender dessa mulher.

Na noite sai a moça
Com a boca vermelha
A alma cor de rosa
Com uma flor se assemelha
E com estranho não tem prosa.

O poeta se arruma,
Ela não vem,
Procura e não encontra nenhuma,
Outra não lhe convém.

A moça bate na porta,
Encontra o poeta e lhe dá um abraço,
- Como está?
- O que importa? Hoje vai escrever sobre o meu laço.

Margarida Moreira

quarta-feira, 8 de abril de 2015


Desejo agora,
a poesia que liberte,
a viagem que não termine,
o amor que desperte,
o novo dia que anime.

Desejo pra já,
o riso frouxo,
a conversa longa,
o momento do tempo
suficiente,

Desejo assim;
te roubar do tempo,
te elevar no espaço,
te fazer sereno,
te libertar do cansaço.

Te fazer novo,
e me fazer inspirado.

Desejo a música alta,
o mar a nos banhar,
as cores em festa,
fitas do Bomfim para amarrar,
fazer pedidos,
fazer reza,
eu desejo te roubar.

Margarida Moreira

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Eu sou

É que eu sou feita disso,
desses versos,
dessas poucas histórias,
desse regresso,
dessas memórias.

Eu sou feita desses nomes,
semedão,
E quando não dizem
também deixo de os ser.

Eu sou feita dessa poesia,
livre e desimpedida,
que vai e que vem,
em busca da inspiração.

Eu sou esse olhar para moça,
esse olhar que nasce num segundo,
e não há de morrer nunca.

Sou a moça de amores maiores,
de amor eterno,
de poesia por profissão,
sou a estranha andando na rua,
que busca, que busca
a inspiração na sua figura.

Que te olha nos olhas e desejar roubar,
o mais profundo olhar,
que te segura nas mãos,
e jamais deseja soltar.

Margarida Moreira.