domingo, 29 de junho de 2014

As tuas formas

As vezes eu lhe sinto como água, ora morna, a me lavar o corpo,
ora gelada, a me descer pela garganta,
como forma de alívio para minha sede.

E ainda nas bebidas, lhe sinto como vinho,
que vive nas bocas dos amantes,
mas tu, nessa forma, vive apenas na minha,
a lhe sentir o gosto, o doce, e as vezes até me leva a embriaguez.

E quando lhe faço flor,
tu viras orquidea,
a surprender a todos com a força,
e com a beleza que só nessa florzinha é encontrada.

E se me perguntas por que não a rosa,
eu alego, ela é dada a todos na hora da conquista,
e depois disso ninguém se lembra dela, murcha,
orquidea não, esta simboliza carinho, e carinho é eterno.

Noutras vezes você é menina,
de riso alegre,
descompromissado,
no frescor de ser pequena.

Numas noites es moça,
nos sonhos,
nas vontades,
e então lhe juro amor, como essa idade pede.

E numas manhãs de domingo tu se tornas mulher,
a mulher que minhas palavras namoram,
a que tem a boca que eu tanto quero beijar,
e nessas manhãs eu lhe juro um namoro eterno.

Prometo o companheirismo,
a fidelidade do corpo e da alma,
o carinho das tardes preguiçosas,
e o amor que não ouso explicar.
 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Tristeza do Poeta

E então se fez a tristeza do poeta,
que um dia chegou a achar,
que lhe cabia viver seus romances,
acreditou que podia amar.

Ô seu poeta,
por que não ficaste no seu canto,
por que foi olhar a moça,
e perder-se nesse encanto.

Por que não se contentaste,
com a musa de mentira
aquela que inventaste,
pra fazer sua poesia.

Ô seu poeta,
o amor não lhe cabe não,
ele é tão grande,
tão maior que seu coração.

Você quis e se apaixonou,
e agora fica ai,
remoendo tudo que sonhou,
e ela quis sair, foi embora.

Achou que escrever alegria era melhor,
e realmente era mais gostoso,
mas uma hora vem a tristeza,
a te por no lugar seu audacioso.

Vai! Brinca na beira do mar Poeta,
e esquece que a mesma água que te banha,
é aquela que te arrasta, pois tu não é atleta,
e agora choras, e de novo se acanha.

Fica no teu canto,
escreve teus poemas,
esquece desse encanto,
que só te traz dilemas...

 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Mulher de feitiço

Ô mulher por que tingir a boca,
por que pintar de vermelho?
Se queres me deixar louca,
basta se olhar no espelho.

De cabelos negros,
da pele tão branca,
cheios de segredos,
os olhares que me lança.

Dos olhos escuros,
da voz suave,
por trás dos muros,
o que fazemos é grave.

Mulher de feitiço,
de poder tão grande,
como pude me perder nisso,
agora ando errante.

Te busco na rua,
te procuro nos rostos,
minha alma é sua,
de um jeito que não sei se gosto.