sábado, 31 de maio de 2014

Se permita!

Menina a quanto tempo você não chora? A quanto tempo não se permite doer, pra ficar curando a dor dos outros?
Você guarda a tristeza numa gaveta da alma e corre acudir quem está sangrando. Faz evaporar suas lágrimas pra secar a de quem nem sabe que tu choras!
Fica ai, feito enfermeira de um e de outro. Mas quem cuida de você?
Qual é o colo que te espera quando precisa de abrigo? Quem te ouve quando precisa falar? De Quem é a mão que te afaga quando por tantas você foi agredida?
Menina, quem são os teus amigos senão os doentes da alma e do coração?
Quando vai se permitir o luto, a dor, e também chorar? Ninguém é forte o tempo todo não, muito menos você, tão pequena, tão estranha, feia, e sozinha.
Vai assim, guardando tudo que é seu na gaveta, e permitindo apenas os sentimentos dos outros, que uma hora as traças roem o que está na gaveta, e lá se vão seus sentimentos.

Menina se permita chorar, se permita entristecer que isso também faz parte de ti.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ela

É ela,
Que me rouba a voz num beijo,
Que por tantas e tantas vezes,
Faz o meu sorriso,
Com seus feitos infantes,
Possui em si uma meninice
Uma grandiosidade na alma.

Consigo resistir a tal mulher?
Posso não,...
É mais forte que a força que eu posso inventar,
Pois hoje não tenho.

E hoje quero mesmo é ficar!
Nestes braços,
Perto desse coração,
Pois é onde o meu procura abrigo.

Quero ficar hoje,
Me permitir estar aqui amanhã,
E depois,
E depois,
E no ano que vem,
E na próxima década,
E todo o tempo que for para nossa felicidade!

domingo, 25 de maio de 2014

Que assim seja

Que assim seja!

Que ela esteja ao meu lado,
nas manhãs de domingo
quando eu acordar
que ela me sorria,
me beije com gostinho de café
e me diga que o dia está lindo
ou que simplismente eu acorde
para vê-la dormindo.

Que eu acorde mais cedo
pra poder ver e mexer no seu cabelo
lindamente bagunçado.

Que assim sejam os dias:
cheios de livros
das minhas poesias em sua homenagem
cheios de seu sorriso mais lindo.

Que assim sejam os anos
repletos de novos lugares,
e também de roteiros que amamos repetir

Que assim seja,
que haja sempre amor,
que a paz esteja conosco,
que Deus conspire a favor,
que a lua ilumine,

Que assim seja,
que esta mulher por mim seja sempre amada,
que eu a respeite,
que a olhe sempre com este encanto,
que eu a olhe cada vez mais apaixonada,

Que assim seja
que nossos sonhos sejam possíveis,
que a nossa vida seja simples,
que o nosso canto seja aconchegante,

Que assim seja,
seja lindo,
seja leve,
seja do nosso jeito...

Que assim seja!!!
Que seja sempre o melhor
Que seja assim!!!

sábado, 24 de maio de 2014

Despedida

A tarde me entristece,
o ter de ir embora,
ou o deixar ir,
me estremece.

Em algumas tarde sou eu quem vou,
me despeço,
e saio andando,
com uma vontade imensa de retroceder.

Em outras, te fito com lágrimas nos olhos,
seguro sua mão, te imploro,
mas você tem que ir,
então eu choro.

Quando eu vou,
eu caminho lentamente,
por que não quero ir,
quero é ficar, assim permanente.

Quando você vai,
vai com pressa,
por que precisa ir,
e também não deseja ficar.

Eu quero tudo por completo,
e você quer viver seus mundos,
eu não sei ser discreto,
e você se esconde de tudo.



 

Proteção da Lua

 
 
Que a luz da lua me banhasse,
me lavasse com sua ternura,
com esse amor,
e feminilidade.

Que essa luz hoje me ilumina
me fizesse mais mulher
que fosse minha cumplice
nesse e em todos os outros momentos.

Que me escondesse dos ladrões que vagam a noite.
me protegesse dos malucos
que me deixasse visível pros carentes
que me fizesse ainda mais mulher.

Medo

Tenho medo do fogo
Que hoje me aquece
que queima os livros
e a vida com ele se aquece. 
 
Tenho medo das águas
que hoje me matam a sede
que inundam casas
e desmancham paredes
  
Tenho medo do ar
que hoje me permite viver
que traz os ventos fortes
e sem ele vou morrer
 
Tenho medo da terra
que hoje me sustentam os pés
que aterra famílias
e que me tomarão como sua no dia de minha morte.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Moça da praia

Já era noite quando ela caminhava pela praia,
e dizia pensar em mim,
o mesmo vento que levava sua saia,
era quem trazia seu cheiro até mim.

O vento levava seus cabelos,
e me trazia seu recado,
os meus pensamentos eram belos,
e ao mesmo tempo cheios de pecado.

O mar se fazia soberano,
mas não era com fúria,
era na vontade de ser humano,
para entender essa euforia.

Ela caminhava e no balanço de seus passos
eu admirava,
me perdendo no espaço,
tão grande quanto o coração daquela que amava.

Liberdade e Inpiração

Ela voltou em nome da Liberdade,
uma trouxe a outra,
de mãos dadas vieram bater na minha porta...

A Inspiração e a Liberdade,
duas moças,
a Inspiração volta sempre,
e só volta por que pode ir novamente,
a Liberdade está sempre ali para guardar-lhe este direito,
de ir e vir quando quiser,
e me trazer o assunto que deseja que eu escreva,
e agora ela me trouxe um pensamento:
Liberdade.

A Inspiração me contou que são  casadas,
que uma não vive sem a outra,
já pensou a Inspiração presa,
ou mesmo a Liberdade sem seu romantismo?

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Palavras ariscas

Perdi a mão para poesia,
agora as palavras preferem se arrumar em prosa,
não se agrupam como antes faziam,
não me ajudam a falar da rosa.

Agora querem temas mais sérios,
perderam a leveza,
em nada querem o mistério,
e a noite lhes causam estranheza.

Querem todos os "Is" com pingos,
não perdoam a vontade de voar,
não gostam de choramingos,
e nem querem falar do ato de amar.

São rígidas,
presas a regras,
são ariscas,
e para a alegria não dão trégua.

Ah, palavras ariscas...


sábado, 10 de maio de 2014

Saudade

Os risos são altos, e ecoam no salão. Junto a tantas vozes a minha estava, e agora se calou. Me coloco no canto e vem a tal nostalgia, vem aquela saudade de quem, como diria uma amiga: nada se pode fazer a respeito senão sentir, chorar, sentir mais um pouco, e mais tarde se distrair com outra coisa. É aquele aperto, aquela falta de algo, duma presença que se afastou a tempos e não será substituída.
Até existem outros, mas esses outros não são ele. E sabendo que ele não voltará, fico nessas ridículas imaginações. De como seria, como estaria, qual altura, qual a voz. Sabendo que o tempo passou, e que fugiu com ele, ou melhor me roubou, e como nada tem de bobo tomou o que era de mais bonito. Tomou o riso alegre, a voz suave, o corpo ainda pequeno, os gestos tão infantes. Roubou o menino, que não era meu, mas que hoje percebo que tinha tanto de mim, como eu ainda tenho dele. Falta um pedaço. E na certeza de que ele não voltará é que busco reconstruir ao menos na memória o correr atrás de bola, as brigas, e também os momentos de ternura. Ahhhh menino levado, me derrubava nas cócegas, me roubava os desenhos na tentativa de guarda-los para si.
Eu queria de volta, eu queria os dias antes de 22 de julho de 2009! Eu queria aquele passado, eu queria aquela pessoa, eu queria o menino, eu queria o irmão, o companheiro de jogo, eu queria a criança, eu queria...
A festa segue, o volume das vozes só faz aumentar, e ninguém percebe que falta. Continuam a dançar, a cantar, a comer, e não percebem. Eles já se acostumaram! Mas o menino me falta, eu quero ele aqui como um moço, eu quero por que eu também era ele, e fui embora naquele dia, para não sei onde, e assim como ele uma parte de mim não voltou...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Poeminhas Pobres

Tem uns poeminhas que nascem do acaso,
umas rimas tão pobres,
que parecem até pecado

São uma ofensa para os da literatura,
mas ele continuam a nascer,
e nascem numa fartura,
duns sentimentos que estão a crescer.

Parecem até chingamento,
mas querem dizer tanto,
que parecem até lamento.

São palavras impróprias para os críticos,
mas elas continuam a ser escritas.

Ando como um homem

Eu ando como um homem de lata
a fazer barulho,
como uma matraca.

Eu ando como um homem sem rumo,
a perseguir o destino,
que não encontro por detras dos muros

Eu ando como um homem estranho,
que nada conhece
além de um olhar castanho

Eu ando como um homem incerto
que nada tem
nem um parente perto

Eu ando como um homem apenas
um homem comum
que se conforma com suas duras penas.

Domingo nós fumo num samba no bexiga...



Existem dias que jamais serão esquecidos, e não é por um momento, mas sim por um conjunto de sensações, de momentos, de companhias e também de coisas intraduzíveis.

Mas o domingo foi assim regado a Elis e a Adoniran, tem coisa melhor?
Elis está sempre com a gente, sempre comigo, num pensamento, em algo que vejo e lembro dela, e de alguma música.
Visitar o espaço onde Elis foi enterrada trouxe um misto de sentimentos, nós, eu e a Menina do Mar olhávamos pra aquele gramadinho que cobriu o caixão da Pimentinha a 32 anos atrás e o pensamento era um só, e ela projetou em palavras que no momento não consegui:

- Elis era Maior!

E quem é que duvida da grandeza dessa pequena? Elis era realmente maior, e o problema é que continuava crescendo, e isso o mundo não entende não. Essa coisa tão bonita... que é se permitir agigantar, é permitir a alma ficar leve, sem peso, e ao mesmo tempo ter força. Elis era isso era a mão que afaga sem ver distância, sem ver impedimentos, mas era também a pimenta mais ardida que já se viu quando lhe era necessário.

Elis era grande estava se tornando demais para o mundo pequeno, então foi pra um lugar onde crescer é permitido e é a lei!

Depois de sentir mais um pouquinho de Elis, foi a vez de Adoniran.
Como andar no Bexiga e não pensar em seu poeta?

Num bar com cara do Poeta do Bexiga é que continuou-se a experiência. O bar era pequeno, mas era imenso no que proporcionava, a liberdade, a falta de frescura, a democracia, um lugar pra todos que desejam um cantinho gostoso pra comer, mas também pra ouvir da nossa Santa MPB de cada e de todo dia.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Distância



Vamos encurtar a distância,
vamos aproximar as cadeiras,
quero ver-te em qualquer circunstância,
quero ouvir todas tuas histórias e brincadeiras.

Quando?
Que façamos logo,
o tempo corre,
e não quero perder-te nesse tempo,
quero você perto,
quero aquela tarde de boa conversa,
da boa música,
que se tornará uma boa memória.

Eu quero o abraço trazido de longe,
quero as notícias da cidade grande,
e quero contar as histórias dos meus caipiras.

Não há tempo,
não há como contar os passos,
quando se tem vontade,
a gente vai,
a gente corre,
a gente se encontra,
nem que seja pra sentar debaixo da mangueira
numa tarde de domingo,
a perder das horas a conta.