quarta-feira, 30 de abril de 2014

Angústia

É um nó na garganta,
a dúvida não sei de que,
a falta não sei do que ou quem,
um aperto no peito,
o calar da voz,
a dor,
a ferida sem nome,
o sangue sem cor.

Algo ruim,
uma lágrima demorada,
um sufocar constante,
uma luz apagada,
um livro caindo da estante.

Perdi-me por ai,
numa esquina qualquer,
deixei-me caminhar sem rumo,
esqueci de mim por tanto bendizer o outro,
eu esqueci minha voz, para ouvir o som de outra,
esqueci o meu rosto, para pendurar o quadro de outro na parede,
esqueci minha alma em qualquer encruzilhada,
num pacto com qualquer espírito.

Eu quero minha alma de volta,
eu quero a mim mesma,
quero poder gritar essa revolta,
sair de onde estou presa...


Onde anda a Inspiração?

Ô dona moça,
por que fugiu de  mim?

Te preparei o altar,
coloquei lá umas flores,
velas coloridas,
já fiz minha mandinga,
E você não apareceu.

Já gritei seu nome,
escrevi a carta,
pedi pro moleque entregar,
E você não respondeu.

Já te chamei em prece,
batuquei em noite de lua,
fumei o cachimbo,
E você não baixou,

Ô dona Inspiração,
por onde é que tu andas?

terça-feira, 29 de abril de 2014

Ô menino

Ó menino,
foi achar de ficar,
justo dessa vez,
você deixou apaixonar.

Ô menino,
ela é tão maior que você,
ela é tão mulher,
de um jeito que não vai entender.

Moço,
sinto pena de ti,
nunca quis ficar,
e dessa vez decidiu não ir.

Moço,
Antes tivesse ido,
seguido seu rumo
e não teria se ferido.

Homem,
vai-te embora,
deixe essa mulher,
que ela já está em outrora.

Homem,
ela é de alma rara,
ela é tão nobre,
e amá-la é coisa muito cara.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Brincadeiras

Confesso gostar de brincar de criança, é uma brincadeira boa,
um jogo que dá esperança,
e que faço sempre que estou a toa.

Admito brincar de casinha,
imagino uma bem grande,
e bem diferente da minha,
desenho uma linda e cheia de livros na estante.

Brinco de bola também,
corro, faço o gol,
e na minha frente não há ninguém,
ganhei e todo mundo gritou.

Devaneio ser professora,
uma sala cheia,
onde ajudo a formar pessoas,
pessoas inteiras, já que não gosto das meias.

Me visto de bombeiro,
me faço herói,
eu salvo o mundo inteiro,
e acabo com aquele que distrói.

Eu brinco, e brinco mesmo,
sem ver limite,
pois cansei de ser preso,
e que ninguém me imite.

Esses jogos são só meus,
não cabem a uma pessoa normal,
são meus devaneios não seus,
e me são necessários para enfrentar o mundo real.

domingo, 27 de abril de 2014

Inspiração

Ando tendo muitos encontros com ela,
depois que o sol se esconde,
vem até mim a minha bela,
ela vem na surdina e eu nunca sei de onde.

Ela vem quando quer,
e também quando deseja vai embora,
ela faz de mim poetisa e mulher,
seja num segundo ou em algumas horas.

Quando a lua aparece,
me deito,
eu a chamo em prece,
até que venha me visitar em meu leito.

Ela me sussurra lindas palavras,
me declama poesias,
se faz minha amada,
e rouba minhas noites vazias.

Ela vem disfarçada de mulher,
quando na verdade se chama Inspiração,
ela me fala o que quer,
eu ouço e logo escrevo com devoção.
 
 

Tempo pra Si


Hoje encarei o relógio,
e assim decidi:
Ele não manda mais em mim,
ele pode continuar correndo,
mas eu não vou correr junto com ele,
pode passar o quanto quiser,
nesse seu tic-tac,
nesse compasso metódico,
eu não me adequo a ele,
e decidi que também não quero.

Eu sou mais que esse ritmo imutável,
sou muito mais que esse som que não muda,
não acelera, não aperta o freio,
vai do mesmo jeito,
do jeito de ontem, de um tempo longe,
do jeito de hoje, de agora,
e irá no mesmo passo, amanhã.

Hoje eu quero tempo pra mim,
hoje tenho um encontro marcado,
o mais importante de todos
tem hora para começar,
mas terminarei esse encontro somente quando achar suficiente,
vou encontrar uma moça,
vou encontrar a moça que é "Eu"
esse "EU", essa moça, que anda distante,
mas hoje NÃO, hoje é dia de trazê-la para perto,

Vou encará-la com firmeza,
pois quero saber,
em que momento me tornei ela,
e em que momento me perdi dela,
quando foi que soltei a mão de mim,
em que estrada permiti que caminhasse sozinha,
mas hoje ei de acertar os ponteiros,
ei de me entender com ela,
ei de me entender comigo,
pois é mais que preciso,
é mais que necessário,
é um caso de ordem,
de ordenar a casa
de colocar no lugar,
o que acabou caindo,
pelo vai e vem dos meus passos.

sábado, 26 de abril de 2014

A respeito do que e como ando bebendo!





Pensando em minhas últimas doses, em meus últimos porres e no estado de embriagues em que me encontro, coloco na balança para tentar encontrar um equilíbrio, pois se bebo demais de você me embebedo, e saio na madrugada a cair pelos cantos, se bebo de menos fico a morrer de vontade de tomar tantos outros goles, e se não bebo, ah se não bebo, quase que morro.
Eu lhe tomo pela manhã como café, um líquido quente que me faz acordar, e rapidamente acabo com o conteúdo da pequena xícara.
As vezes lhe derramo como vinho, numa taça sofisticada, esse vinho que é quente e doce, onde primeiro sinto o cheiro, e logo bebo em goles contidos, ao som de um bolero.
Noutros dias eu te bebo como "tubaina" de forma doce, alegre, e infante, naquele copo de plástico colorido, entre risos e memórias.
Numas noites, eu pego a taça mais bonita e coloco nela o melhor espumante, essas são noites de comemorações.
Confesso que numas tardes te engulo feito cachaça, tu me desce rasgando, teimosa e ardida.
Já te bebi cheia de álcool para me alterar um pouco, já te bebi gelada para me refrescar, já te bebi quente para me esquentar também, já te bebi como whisky esporadicamente, já te bebi como água e o faço quase que diariamente, de forma ou de outra estou sempre bebendo de você, me dando ao luxo de te degustar, por mais que vá mudando a textura, a acidez, a doçura, e temperatura. O faço mesmo sabendo da minha vontade de buscar por outros gostos, por hora vou simplesmente bebendo, quem sabe me afogo de tanto o fazer, ou morro de sede se não o fizer.

E você, como me andas bebendo? E em quais recipientes me está colocando?

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Carinho

É o esbarrar das mãos,
a maciez da pele,
a suavidade do toque,
é querer acariciar a alma,
é querer unir os corpos e os espíritos,
como que num casamento.

Percorrendo a outra pessoa,
com a ponta dos dedos,
quase que a não relar,
é o desejo de tocar,
e o medo de violar,
é o querer manter o que se tem como perfeição,
é a vontade de sentir,
e o medo de nesse sentir
perder o outro,
o temor por misturar a si tão errôneo,
tão profano
com o que se acredita santificado.

É querer rezar ao santo
mas querer também que para atender ele desça do altar...


Apaixonada por Cecília Meireles



Apaixonada por Cecília,
Pela tal Meireles!
Ela Grudou em mim,
Agora a gente anda pra cima e pra baixo,
Ela me diz que nem tudo é fácil
E eu alego não ter medo,
Ela me dá sua poesia, sua palavra,
E eu juro lê-la para sempre,
Nos falamos o que é conveniente,
Eu lhe juro amor,
Ela jura que não mente.

Me fala do seu retrato,
Onde percebe que tudo mudou,
Ah me fala também de um cavalo morto,
De felicidade
De suas fases,
Me fala de tudo,
E eu só escuto e lhe juro amor,
Pois um dia ficarei mudo,
E nem juras, nem a amor, nem ninguém,
Talvez nem Cecília, nem Meireles, nem a mulher,
nem a poetisa, nem a poesia,
Apenas mudo,
Enquanto isso vou amando Cecília,
Amanhã?
Ah, amanhã talvez volte para a Clarice,
Ou fique para sempre com Cecília.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Só tinha que ser com você, Elis a Musical

 
 
 
Penso que todas as pessoas que encontramos e conhecemos são na verdade a concretização dos encontros que a nossa alma marca com outras almas. Acredito ser bem mais que acaso, as almas se escolhem a dedo. E assim foi feito com a da Menina do Mar e a minha. Essas almas travessas que prepararam tudo para um encontro improvável, mas que acarretou muitos momentos bons, e um dele, senão o melhor é Elis a Musical.
Elis a Musical era um espetáculo que não poderia ver com nenhuma outra pessoa, apenas com a Menina do Mar. Aquele foi momento capaz de envolver um conjunto de sensações, de emoções, uma mistura intraduzível que ainda agora não sei se entendo e nem sei se acredito.
Não foi e nem poderia ser um espetáculo qualquer, pois se tratando de Elis nada pode ser pouco, tem que ser tudo imenso, grande, pois de pequeno bastava-lhe o tamanho. A maior cantora do Brasil era também a menor, que contradição.
Depois de alguns meses imaginando, lá estávamos nós em busca de mais um pouquinho de Elis. Um misto de ansiedade, curiosidade e muita, mas muita alegria. Senti Elis, ou a "Élis" como preferia chamar o Tom, em todos os cantinhos daquele Teatro. As vésperas e durante a apresentação ela nos invadiu, nos preenchemos da Pimentinha, e ela de tão grande não ficou só dentro de nós, estava inteira naquele espaço, e garanto que em muitas vezes naquelas horas sua gargalhada gostosa e incomparável pode ser ouvida na outra dimensão.
O musical ia acontecendo, as músicas sendo cantadas  e o desejo de não acabasse era nítido e ia aumentando.
São tantas as coisas que gostaria de descrever, mas não consigo, e talvez não o queira de verdade e nem possa.
Existem momentos que a gente vive e nunca consegue contar por completo, melhor assim, guardar na memória, a sete chaves, a oito se possível.
Mas o que quero dizer mesmo é:
 
Viva Elis!
Viva Pimentinha!
Viva dentro de nós!
 
E pra Menina do Mar, aquele muito obrigada, aquele abraço:
 
Só tinha que ser com você!

domingo, 20 de abril de 2014

Porta Retrato


 


Ao chegar em casa, mais especificamente na sala, me deparei com meus porta retratos. São poucos, mas estes poucos me fizeram pensar muito.
Comecei a perceber que meu rosto era sempre adornado por um sorriso. E então comecei a pensar em quando estas fotos foram tiradas.
A primeira me mostra com aquele sorriso, vestida pra festa. Porém uma festa em que não dancei. Pois se tivesse dançado não haveria tempo pra foto.
Em outra eu estava ao lado de alguém, abraçada. Mas não abracei de verdade, pois se o tivesse feito não haveria tempo pra foto.
Em outra eu estava sentada aos pés de uma árvore, e mesmo assim não senti o vento, não aproveitei a sombra, e não comi o fruto, pois se o tivesse feito não haveria tempo pra foto.
E assim vou olhando para os outros porta retratos, o mesmo sorriso, e mesmo ar o que muda é o cenário.
Pensei e percebi, que nada tinha vivido, havia apenas feito pose pras fotos.
Então tirei as caras falsas, e os lugares que continuava desconhecendo do porta retrato e resolvi colocar outras coisas no lugar. 
Ao invés das fotos, resolvi guardar cheiro do campo onde estava a árvore,a música que tocava na festa, e calor do abraço.
 Portanto não faço mais pose pras fotos! Meus registros estão na memória de meus sentidos!




Meu caso com Elis

 

 
Ao ver uma entrevista de Elis Regina me dou conta da grandiosidade que é essa mulher. Ali não há interpretações, ali é ela por ela mesma. É a cantora, a mulher, a mãe, a estrela, a Pimentinha, a melhor, a maior, a única, é Elis Regina.
 
 
 

Me lembro quando ouvi a voz de Elis pela primeira vez, por volta dos 12 ou 13 anos. A música primeira foi possivelmente Como Nossos Pais, depois vieram Casa No Campo, Redescobrir, Um Por Todos, Romaria, e muitas outras. Confesso que conheci a voz antes do rosto, e fui entender e me interessar pela que hoje é minha grande musa, pela sua arte, pela sua música.

Coloquei o cd pra tocar, era um conjunto com cerca de 180 músicas, baixei o volume para que ninguém mais escutasse, aquele momento foi extremamente único, apenas eu, e a voz que me encantaria, e me marcaria a alma até hoje e com toda a certeza de que continuará marcando nos próximos anos.
 
 

Tentei imaginar a Elis, mas nunca cheguei próximo de tal beleza. Quando comecei a ver suas fotos, posteriormente suas apresentações e entrevistas, fique embasbacada, era fantástica! Me apaixonei, e me deixei conduzir por essa mulher, de convicções tão fortes, de opiniões tão bem definidas, de uma humanidade, e ao mesmo tempo de um amor incalculável pelo que fazia. Elis nasceu pra cantar, e como ela mesmo dizia, não poderia, e nem saberia fazer outra coisa. Essa cantora tinha o espírito livre. Vendo uma de suas entrevistas em que ela está sentada num sofá, e com os pés em cima dele, percebo a sua liberdade, o não se preocupar com o que falam a seu respeito, já que é muito maior que qualquer julgamento.

Conforme ia lendo, vendo e ouvindo a respeito de Elis ia sentindo seu universo, claro que nunca saberei e também não quero saber tudo sobre ela, por que o move é a curiosidade, e por vezes o amor. Elis é pra mim um amor maior, e tudo que me desperta, me faz viva, faz parte desse amor maior.

Sou sim apaixonada por ela, pela mulher, pela voz, pela artista, e principalmente pelo ser humano.


sábado, 19 de abril de 2014

A moça devoradora de Textos



Confesso que muito lutei para não falar dessa moça, mas já não aguento mais, preciso lhes contar essa história. Então aqui está:
Era quase noite quando ela bateu em minha porta, tinha no rosto uma expressão de medo, e ansiedade. Olhei para ela sem entender o que aquela jovem desconhecida fazia em minha casa. Depois de alguns segundos me olhando ela respirou fundo e me disse com a voz trêmula:
- Você tem um texto? Imaginei que ia me pedir comida, água, dinheiro, mas nunca um Texto.
Olhei-a com estranheza, e ela repetiu a pergunta:
- Você tem um texto para me dar? Lhe pedi um minuto, entrei novamente na sala e comecei a pensar que texto daria para aquela moça. Pensei em meus inúmeros livros, até que decidi! Peguei a folha que estava sobre a mesa, um manuscrito, e entreguei a moça. Ela agradeceu e foi embora. Confusa voltei para o interior de minha casa, pensando naquela moça. Um texto! Para que ela queria um texto?
No outro dia na mesma hora ouvi novamente baterem em minha porta, ao abrir me deparei mais uma vez com aquela moça:
- Aqui está seu texto. Você tem outro?
- Tenho sim!
E assim correram os dias ela vinha, não sei de onde nem por que, me pedia algo pra ler, e me devolvia no dia seguinte. Era uma devoradora, queria novos textos todos os dias. Talvez pensasse que eles nasciam as fornadas como pão francês, será que não percebia que era muito mais difícil que isso? Acostumei com a moça, até que um dia ela não veio, esperei, e nada dela aparecer. Justamente naquela tarde havia escrito algo para ela, um texto sobre a devoradora de textos. Achei uma afronta, como podia se negar a vir até mim quando havia me preparado para recebe-la. Enfurecida rasguei e ateei fogo naquele manuscrito. Um tempo depois ouvi soar a campainha, e ao abrir a porta vi um pequeno envelope no chão, ele guardava uma pequenina carta:

"Uns se preocupam com a fome que sente o corpo, e outros correm atrás do alimento da alma! A minha é alimentada por poesia, e por música, por histórias fantásticas... Cada alma é alimentada de acordo com sua necessidade, umas tem fomes Homéricas, outras São mais contidas.
 Obrigada, por ter saciado a fome de minha alma por esses tempos... Mas essa mesma alma é inquieta, e agora está buscando por um pouco música."
 
Minha fúria foi substituída por uma dúvida: - A alma da moça se alimentava de textos, e a minha, o que andava comendo? Vi então que todos os dias tomava conta das necessidades do corpo, e na maioria das horas minha alma rugia de fome, e eu a fazia calar. Diante de tal horror corri para a estante, peguei um livro de Cecília e fui dar conta de preencher o vazio do espírito.

O sonho da Margarida



 
A margarida sempre foi bonita, o problema é do seu lado habitavam as rosas, e quem é que compete com a flor dos amantes?
 Oh pobre Margarida! Pense, que ela um dia se apaixonou pela jardineira, se achou no direito de acreditar que seria colhida por ela, que a cuidadora das flores a levaria para a casa, e que lá permaneceriam as duas. Porém não sabia a Margarida que a jardineira também era apaixonada, mas pelo jardim inteiro. A florzinha oferecia todas as suas pétalas, toda sua brancura e a alegria do seu amarelo. E não é que a moça do jardim aceitava? Aceitava sim,  ia lá quase que todos os dias para ver a Margarida, pegava a pequena e lhe tirava pétala por pétala, a brincar de mal e bem me quer. Não importava se a desfolhava, o que servia mesmo era que a jardineira estava ali, perto da Margarida, e esta última sofria por lhe roubarem o que em si havia de mais bonito, porém continuava se doando sem pensar duas vezes, enquanto a jardineira se engraçava com as rosas, tão mais formosas, tão maiores, tão mais senhoras.
 A florzinha chorava, prometia para si mesma que na outra manhã tudo seria diferente, e não daria suas folhas, que não iria sorrir, que nem sequer iria pensar na jardineira. E como conseguir tais se era a jardineira que lhe trazia a água para beber enquanto a chuva não vinha? Se era ela que preparava a terra?
Assim lado a lado prosseguiam as rosas e a Margarida, as primeiras eram sempre admiradas, eram sempre colhidas, eram sempre entregues como presentes das namoradas para as namoradas, dos namorados para os namorados, e dos namorados para as namoradas. E a Margarida inerte, presa naquele jardim, presa por vontade própria, tudo por causa do amor que continuava a alimentar pela que lhe cultivava.
O sonho da Margarida era apenas um, ser colhida, ser levada para a casa. E um dia para a sua felicidade isso aconteceu. A jardineira chegou pela manhã, apanhou a Margarida com cuidado e a levou para sua casa, a flor contente, foi rindo feito boba, ficou espantada com o ambiente fechado que encontrou e logo percebeu o que lhe esperava, no meio da mesa da sala havia um vaso com água onde foi depositada. As primeiras horas foi uma alegria só, mas depois começou o tormento, sentiu-se murchar, umas petalazinhas caiam de quando em quando, e a jardineira não mais olhava para ela, não mais brincava de mal e bem me quer.
E foi assim que a pobre Margarida foi morta pelo seu sonho, por realizá-lo. O jardim nunca mais ouviu falar da florzinha. Depois dela outras tantas vieram.

Será que vale a pena ser colhida? Ou melhor mesmo continuar como instrumento do jogo de quereres?