domingo, 28 de dezembro de 2014
Sobre os caminhos estranhos
Já tem uns dias que penso, reflito, esqueço, e torno a pensar novamente sobre os caminhos estranhos.
Os caminhos estranhos não possuem nada de mágico! Ou talvez possuam muito magia. Não sei bem. Mas continuemos!
Essa semana, ocorreram algumas mudanças e passei a caminhar um pouco mais do que de costume.
A distância entre casa e trabalho aumentou, ou melhor eu me coloquei mais longe do trabalho. Os primeiros passos desse caminho foram por necessidade, mas depois... Se tornaram inspiração.
Já tentou fazer caminhos diferentes para chegar a lugares iguais?É maravilhoso!Nem que seja um pouquinho mais longe, vai valer a pena.Quando se faz o mesmo caminho todos os dias, tudo é exatamente igual! A mesma moça triste, o mesmo rapaz de bicicleta, o mesmo senhor da padaria, as mesmas tristezas, as mesmas alegrias e o mesmo você!Quando você muda o caminho tudo muda!Uma outra rua pode representar muito mais que um simples espaço, pode ser um outro tempo, a moça é diferente, sabe? Ela pensa em outras coisas, ela tem outras duvidas, e o rapaz não está mais de bicicleta, e o senhor já virou criança.E você? Você já se tornou protagonista de um dos maiores espíritos existentes: a MUDANÇA!Quando você percebe não tem mais medo dela, sabe?Pois assim como mudar de rua, você pode mudar qualquer coisa e só o que fará é se deleitar com isso.Os caminhos estranhos servem para proporcionar encontros, mas não é um encontro com estranhos, um encontro consigo mesmo.Mude de rua, faça sim os caminhos estranhos, encontre com você!
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
Sobre minha vida baiana
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
19-11-2014
O nó fechou a garganta,
O mal queria tomar o pensamento,
De nada adianta
O teu sofrimento...
Queria gritar,
E não conseguia,
Queria voar
Mas asa não tinha.
Queria fugir pra longe,
E se refugiar,
Em braços de amor,
E assim ficar.
Queria, mas somente queria,
Agora não da!
Diz a vida,
Em sua correria louca.
Agüenta mais um pouco!
Bradava destemida,
A vida,
A lhe sufocar...
terça-feira, 18 de novembro de 2014
18-11-2014
te suspender,
fora de tempo e espaço,
para que assim nada te atinja,
senão o AMOR,
em seu sentido mais pleno,
não apenas o amor que alimento por você,
mas todo o amor do mundo,
o amor sem razão,
pois se tivesse causa,
o amor seria uma consequência,
e o amor é exatamente
um conjunto de inconsequências,
é apenas uma estado pleno e completo das almas.
sexta-feira, 7 de novembro de 2014
O que será feito de mim?
O que de mim para feito?
Quando a mão no pescoço apertar,
E o corpo sentir perder a vida?
E no chão gelado cair,
E se tornar inerte
Será que virá chuva?
E se vier,
Será que será forte?
Levará meu corpo?
O que será feito me mim?
Quando o mal tempo passar,
O sol aparecer
Apenas um corpo a mal cheirar.
O que será feito de mim?
Corpo, sem alma,
Morto, sem calma!
O que será feito de mim?
Numa rua qualquer,
Num canto qualquer,
Um corpo qualquer!
O que será feito?
O que será?
O que?
Sem vida,
Sem alma,
De corpo e só corpo!
Morto, e só morto
Mais um qualquer!
domingo, 2 de novembro de 2014
02-11-2014
Não há termo, nem palavra que defina,
Esse segundo,
Em que nos procuramos no escuro...
O seu corpo é quente,
A fala suave,
O olhar atraente...
É calmo,
O momento,
E o amor...
Não há grito,
Não há força,
Existe apenas o amor...
Existe apenas o gosto da sua pele na minha boca,
O calor do seu abraço, o meu abrigo,
A calma da sua voz, minha canção
O seu amor, minha inspiração!
domingo, 26 de outubro de 2014
Quando
Eu quero sempre poder
Cantar nosso amor
E quando escurecer
E eu sentir seu calor
Quero então poder amar
O corpo sedento
E a alma então a derramar
O que me toma o pensamento.
Quando deitar-te na cama
E me debruçar sobre você
Quero que sinta acender minha chama
E quero que sinta junto ao meu, seu corpo acender.
E quando no meio da noite te beijar
Saiba, é seu meu coração
Que só te pede para me amar
Com calma a me dar proteção
Quando um "quando" surgir
Não tenha medo
E nem pense em fugir
É que ainda é cedo
E ainda podemos voltar a dormir...
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Mariana
Senhora?
Não! Menina!
Cheia de graça,
De tudo sabe
Quem conta?
O mar!
A tudo se atreve
A tudo conhece
O mar vem de longe
Pra tudo contar
O mar traz histórias
Ela ouve atenta
Depois grita aos quatro cantos
Por mais histórias sedenta
Uma menina do mar
Apaixonada por gatos
Corre sem parar
Brinca, canta, dança
E no fim de tudo
Quer mesmo recomeçar
É pro mar que ela corre
Com a força das ondas
Beleza das praias
Não há o que esconda
Suas origens das águas
Essa Maria-Ana
Pequena
Levada
De mar em mar
Serena
Corre livre pela estrada
Florida da vida
Feliz em ser criança
A nossa menina
De fé, força e esperança.
Catarina
De pensamentos levados,
Menina pequena,
Seus pés não ficam parados.
Corre campos,
Brinca com flores,
Vive de encantos
E encontra nos gatos: amores!
É doce como manhã de primavera,
Livre como pássaro em pleno voo
Bonita como flor
Pura como vento.
Como água clara
Pássaro livre
Manhã de primavera
Ela vive
Vive pura
Vive livre
Vive, Catarina
Nossa menina!
Damiana
Das terras de longe,
Negra da força!
Do sal da pele,
Do calor da África,
Que aqui se fez nordeste
No calor
Na voz
Na cor
Veio num navio
Sobreviveu
Forte
Não calou-se
Gritou!
Sou do Candomblé
Sou da minha cor
Menina que vence
Menina que brinca
Menina que cresce
Menina que ginga
Que canta
Que joga
Capoeira
Samba de roda
De cuica e tambor
Menina de renda
Das sete saias
Da boa baiana
Menina da África
Da força
Da fé
Menina de longe
Menina da gente
Da gente boa
Da mãe África
Menina da fé
Menina da luta
Do Candomblé!
terça-feira, 21 de outubro de 2014
21-10-2014
Imaginou-se o riso,
Mas nada fez a alma se aquietar...
Era como se o tempo remasse contrário,
Incerto,
Inseguro de novo...
O coração sensível,
Frágil,
desconcertado,
deixou correr uma lágrima,
Outra,
Um soluço de desespero
E frio
O que se queria era o riso perto,
a voz baixa,
O que se queria
Não tinha,
E o que tinha,
Em nada se queria ter...
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Morro de São Paulo
É quem sabe,
Que a pele é feita de sal
E que dentro do mar o sol não cabe.
É a noite chegando,
O sol indo embora,
O vendo balançando
A árvore lá fora.
Ao som de bolero
Com vista pro mar
Ao som de riso sincero
Com vontade de amar.
No alto do morro
Guardado por forte
Cercado de mar
No horizonte
O sol morre
Se esconde
Vai descansar.
A inspiração e você
A inspiração te viu,
e até ela se apaixonou,
Não podendo se fazer humana,
Para assim namorar-te
Na alma e na cama,
Viu-se perdida,
Então achou que o jeito era
se contentar e segurar sua mão
Partiu ela com você
De mar em mar
Ela de longe a te namorar
Você de perto a todos inspirar.
A menina do mar
E a moça chamada inspiração
Duas bonitas mulheres
Uma de amor
Outra de sonho
Uma feita humana
Outra só espírito
Uma que amo sem explicação
Outra da qual minha alma precisa
Na verdade, na verdade
A inspiração nos conduziu
Uma para os braços da outra
Pois a forma de ela te amar
E lendo essas breves palavras soltas.
O gosto que tem
Gosto do gosto que tem
A boca que beija,
E não manda ninguém.
Gosto do gosto que tem,
A língua que lambe
Em busca do doce que não vem.
Gosto do gosto do corpo,
Suado,
Do seu vai e vem,
Salgado,
De banhar-se no mar em busca de alguém.
Gosto do gosto da alma
Branca e leitosa
Que tanto pede calma
E vive trocando
Poesia por prosa.
Gosto do gosto da minha mulher
Quando está nua
Me beija com fé
Me faz sua, só sua
Sua mulher
Gosto do gosto que tem
Gostar de alguém.
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Jardineira
eu gostei,
sai cantando atrevida,
que Margarida virei.
Me fez flor pequena,
persistente,
que nasce em todo canto...
e que vive a parecer contente.
Escolheu minhas cores,
desenhou cada pétala,
regou-me aos goles,
com a poesia dos bons poetas.
Alessandra Moreira
Dona da Inspiração
e tu a dona da Inspiração,
se eu sou as próprias palavras,
e elas também me são,
tu es a minha dona,
e também inspiração.
Se sou eu palavra solta,
rima perdida no papel,
se estenda a minha volta...
e seja a minha terra e meu céu.
Alessandra Moreira
domingo, 24 de agosto de 2014
Medo
e temo o tempo todo,
temo tudo,
temo o tempo,
temo o todo,
Eu temo,
temo e tremo,
tremo pelo temer,
temo tremendo.
Eu temo pelo que muda,
e temo que você mude,
eu temo o que muda,
eu temo você
E temo não com espanto,
mas temo por dentro,
temo com pranto,
vai que tu mudes,
vai que eu não acompanho
Então eu temo,
pelo simples fato de não poder prever,
o que será, o que virá,
então me resta temer.
domingo, 29 de junho de 2014
As tuas formas
ora gelada, a me descer pela garganta,
como forma de alívio para minha sede.
mas tu, nessa forma, vive apenas na minha,
a lhe sentir o gosto, o doce, e as vezes até me leva a embriaguez.
a surprender a todos com a força,
e com a beleza que só nessa florzinha é encontrada.
e depois disso ninguém se lembra dela, murcha,
orquidea não, esta simboliza carinho, e carinho é eterno.
descompromissado,
no frescor de ser pequena.
nas vontades,
e então lhe juro amor, como essa idade pede.
a que tem a boca que eu tanto quero beijar,
e nessas manhãs eu lhe juro um namoro eterno.
o carinho das tardes preguiçosas,
e o amor que não ouso explicar.
quinta-feira, 12 de junho de 2014
Tristeza do Poeta
que um dia chegou a achar,
que lhe cabia viver seus romances,
acreditou que podia amar.
Ô seu poeta,
por que não ficaste no seu canto,
por que foi olhar a moça,
e perder-se nesse encanto.
Por que não se contentaste,
com a musa de mentira
aquela que inventaste,
pra fazer sua poesia.
Ô seu poeta,
o amor não lhe cabe não,
ele é tão grande,
tão maior que seu coração.
Você quis e se apaixonou,
e agora fica ai,
remoendo tudo que sonhou,
e ela quis sair, foi embora.
Achou que escrever alegria era melhor,
e realmente era mais gostoso,
mas uma hora vem a tristeza,
a te por no lugar seu audacioso.
Vai! Brinca na beira do mar Poeta,
e esquece que a mesma água que te banha,
é aquela que te arrasta, pois tu não é atleta,
e agora choras, e de novo se acanha.
Fica no teu canto,
escreve teus poemas,
esquece desse encanto,
que só te traz dilemas...
quarta-feira, 11 de junho de 2014
Mulher de feitiço
por que pintar de vermelho?
Se queres me deixar louca,
basta se olhar no espelho.
De cabelos negros,
da pele tão branca,
cheios de segredos,
os olhares que me lança.
Dos olhos escuros,
da voz suave,
por trás dos muros,
o que fazemos é grave.
Mulher de feitiço,
de poder tão grande,
como pude me perder nisso,
agora ando errante.
Te busco na rua,
te procuro nos rostos,
minha alma é sua,
de um jeito que não sei se gosto.
sábado, 31 de maio de 2014
Se permita!
Você guarda a tristeza numa gaveta da alma e corre acudir quem está sangrando. Faz evaporar suas lágrimas pra secar a de quem nem sabe que tu choras!
Fica ai, feito enfermeira de um e de outro. Mas quem cuida de você?
Qual é o colo que te espera quando precisa de abrigo? Quem te ouve quando precisa falar? De Quem é a mão que te afaga quando por tantas você foi agredida?
Menina, quem são os teus amigos senão os doentes da alma e do coração?
Quando vai se permitir o luto, a dor, e também chorar? Ninguém é forte o tempo todo não, muito menos você, tão pequena, tão estranha, feia, e sozinha.
Vai assim, guardando tudo que é seu na gaveta, e permitindo apenas os sentimentos dos outros, que uma hora as traças roem o que está na gaveta, e lá se vão seus sentimentos.
Menina se permita chorar, se permita entristecer que isso também faz parte de ti.
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Ela
Que me rouba a voz num beijo,
Que por tantas e tantas vezes,
Faz o meu sorriso,
Com seus feitos infantes,
Possui em si uma meninice
Uma grandiosidade na alma.
Consigo resistir a tal mulher?
Posso não,...
É mais forte que a força que eu posso inventar,
Pois hoje não tenho.
E hoje quero mesmo é ficar!
Nestes braços,
Perto desse coração,
Pois é onde o meu procura abrigo.
Quero ficar hoje,
Me permitir estar aqui amanhã,
E depois,
E depois,
E no ano que vem,
E na próxima década,
E todo o tempo que for para nossa felicidade!
domingo, 25 de maio de 2014
Que assim seja
Que ela esteja ao meu lado,
nas manhãs de domingo
quando eu acordar
que ela me sorria,
me beije com gostinho de café
e me diga que o dia está lindo
ou que simplismente eu acorde
para vê-la dormindo.
Que eu acorde mais cedo
pra poder ver e mexer no seu cabelo
lindamente bagunçado.
Que assim sejam os dias:
cheios de livros
das minhas poesias em sua homenagem
cheios de seu sorriso mais lindo.
Que assim sejam os anos
repletos de novos lugares,
e também de roteiros que amamos repetir
Que assim seja,
que haja sempre amor,
que a paz esteja conosco,
que Deus conspire a favor,
que a lua ilumine,
Que assim seja,
que esta mulher por mim seja sempre amada,
que eu a respeite,
que a olhe sempre com este encanto,
que eu a olhe cada vez mais apaixonada,
Que assim seja
que nossos sonhos sejam possíveis,
que a nossa vida seja simples,
que o nosso canto seja aconchegante,
Que assim seja,
seja lindo,
seja leve,
seja do nosso jeito...
Que assim seja!!!
Que seja sempre o melhor
Que seja assim!!!
sábado, 24 de maio de 2014
Despedida
o ter de ir embora,
ou o deixar ir,
me estremece.
Em algumas tarde sou eu quem vou,
me despeço,
e saio andando,
com uma vontade imensa de retroceder.
Em outras, te fito com lágrimas nos olhos,
seguro sua mão, te imploro,
mas você tem que ir,
então eu choro.
Quando eu vou,
eu caminho lentamente,
por que não quero ir,
quero é ficar, assim permanente.
Quando você vai,
vai com pressa,
por que precisa ir,
e também não deseja ficar.
Eu quero tudo por completo,
e você quer viver seus mundos,
eu não sei ser discreto,
e você se esconde de tudo.
Proteção da Lua
com esse amor,
e feminilidade.
que fosse minha cumplice
nesse e em todos os outros momentos.
Que me escondesse dos ladrões que vagam a noite.
me protegesse dos malucos
que me deixasse visível pros carentes
que me fizesse ainda mais mulher.
Medo
Que hoje me aquece
que queima os livros
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Moça da praia
e dizia pensar em mim,
o mesmo vento que levava sua saia,
era quem trazia seu cheiro até mim.
O vento levava seus cabelos,
e me trazia seu recado,
os meus pensamentos eram belos,
e ao mesmo tempo cheios de pecado.
O mar se fazia soberano,
mas não era com fúria,
era na vontade de ser humano,
para entender essa euforia.
Ela caminhava e no balanço de seus passos
eu admirava,
me perdendo no espaço,
tão grande quanto o coração daquela que amava.
Liberdade e Inpiração
uma trouxe a outra,
de mãos dadas vieram bater na minha porta...
A Inspiração e a Liberdade,
duas moças,
a Inspiração volta sempre,
e só volta por que pode ir novamente,
a Liberdade está sempre ali para guardar-lhe este direito,
de ir e vir quando quiser,
e me trazer o assunto que deseja que eu escreva,
e agora ela me trouxe um pensamento:
Liberdade.
A Inspiração me contou que são casadas,
que uma não vive sem a outra,
já pensou a Inspiração presa,
ou mesmo a Liberdade sem seu romantismo?
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Palavras ariscas
agora as palavras preferem se arrumar em prosa,
não se agrupam como antes faziam,
não me ajudam a falar da rosa.
Agora querem temas mais sérios,
perderam a leveza,
em nada querem o mistério,
e a noite lhes causam estranheza.
Querem todos os "Is" com pingos,
não perdoam a vontade de voar,
não gostam de choramingos,
e nem querem falar do ato de amar.
São rígidas,
presas a regras,
são ariscas,
e para a alegria não dão trégua.
Ah, palavras ariscas...
sábado, 10 de maio de 2014
Saudade
Até existem outros, mas esses outros não são ele. E sabendo que ele não voltará, fico nessas ridículas imaginações. De como seria, como estaria, qual altura, qual a voz. Sabendo que o tempo passou, e que fugiu com ele, ou melhor me roubou, e como nada tem de bobo tomou o que era de mais bonito. Tomou o riso alegre, a voz suave, o corpo ainda pequeno, os gestos tão infantes. Roubou o menino, que não era meu, mas que hoje percebo que tinha tanto de mim, como eu ainda tenho dele. Falta um pedaço. E na certeza de que ele não voltará é que busco reconstruir ao menos na memória o correr atrás de bola, as brigas, e também os momentos de ternura. Ahhhh menino levado, me derrubava nas cócegas, me roubava os desenhos na tentativa de guarda-los para si.
Eu queria de volta, eu queria os dias antes de 22 de julho de 2009! Eu queria aquele passado, eu queria aquela pessoa, eu queria o menino, eu queria o irmão, o companheiro de jogo, eu queria a criança, eu queria...
A festa segue, o volume das vozes só faz aumentar, e ninguém percebe que falta. Continuam a dançar, a cantar, a comer, e não percebem. Eles já se acostumaram! Mas o menino me falta, eu quero ele aqui como um moço, eu quero por que eu também era ele, e fui embora naquele dia, para não sei onde, e assim como ele uma parte de mim não voltou...
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Poeminhas Pobres
umas rimas tão pobres,
que parecem até pecado
São uma ofensa para os da literatura,
mas ele continuam a nascer,
e nascem numa fartura,
duns sentimentos que estão a crescer.
Parecem até chingamento,
mas querem dizer tanto,
que parecem até lamento.
São palavras impróprias para os críticos,
mas elas continuam a ser escritas.
Ando como um homem
a fazer barulho,
como uma matraca.
Eu ando como um homem sem rumo,
a perseguir o destino,
que não encontro por detras dos muros
Eu ando como um homem estranho,
que nada conhece
além de um olhar castanho
Eu ando como um homem incerto
que nada tem
nem um parente perto
Eu ando como um homem apenas
um homem comum
que se conforma com suas duras penas.
Domingo nós fumo num samba no bexiga...
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Distância
Vamos encurtar a distância,
vamos aproximar as cadeiras,
quero ver-te em qualquer circunstância,
quero ouvir todas tuas histórias e brincadeiras.
Quando?
Que façamos logo,
o tempo corre,
e não quero perder-te nesse tempo,
quero você perto,
quero aquela tarde de boa conversa,
da boa música,
que se tornará uma boa memória.
Eu quero o abraço trazido de longe,
quero as notícias da cidade grande,
e quero contar as histórias dos meus caipiras.
Não há tempo,
não há como contar os passos,
quando se tem vontade,
a gente vai,
a gente corre,
a gente se encontra,
nem que seja pra sentar debaixo da mangueira
numa tarde de domingo,
a perder das horas a conta.
quarta-feira, 30 de abril de 2014
Angústia
a dúvida não sei de que,
a falta não sei do que ou quem,
um aperto no peito,
o calar da voz,
a dor,
a ferida sem nome,
o sangue sem cor.
Algo ruim,
uma lágrima demorada,
um sufocar constante,
uma luz apagada,
um livro caindo da estante.
Perdi-me por ai,
numa esquina qualquer,
deixei-me caminhar sem rumo,
esqueci de mim por tanto bendizer o outro,
eu esqueci minha voz, para ouvir o som de outra,
esqueci o meu rosto, para pendurar o quadro de outro na parede,
esqueci minha alma em qualquer encruzilhada,
num pacto com qualquer espírito.
Eu quero minha alma de volta,
eu quero a mim mesma,
quero poder gritar essa revolta,
sair de onde estou presa...
Onde anda a Inspiração?
por que fugiu de mim?
Te preparei o altar,
coloquei lá umas flores,
velas coloridas,
já fiz minha mandinga,
E você não apareceu.
Já gritei seu nome,
escrevi a carta,
pedi pro moleque entregar,
E você não respondeu.
Já te chamei em prece,
batuquei em noite de lua,
fumei o cachimbo,
E você não baixou,
Ô dona Inspiração,
por onde é que tu andas?
terça-feira, 29 de abril de 2014
Ô menino
foi achar de ficar,
justo dessa vez,
você deixou apaixonar.
Ô menino,
ela é tão maior que você,
ela é tão mulher,
de um jeito que não vai entender.
Moço,
sinto pena de ti,
nunca quis ficar,
e dessa vez decidiu não ir.
Moço,
Antes tivesse ido,
seguido seu rumo
e não teria se ferido.
Homem,
vai-te embora,
deixe essa mulher,
que ela já está em outrora.
Homem,
ela é de alma rara,
ela é tão nobre,
e amá-la é coisa muito cara.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
Brincadeiras
um jogo que dá esperança,
e que faço sempre que estou a toa.
Admito brincar de casinha,
imagino uma bem grande,
e bem diferente da minha,
desenho uma linda e cheia de livros na estante.
Brinco de bola também,
corro, faço o gol,
e na minha frente não há ninguém,
ganhei e todo mundo gritou.
Devaneio ser professora,
uma sala cheia,
onde ajudo a formar pessoas,
pessoas inteiras, já que não gosto das meias.
Me visto de bombeiro,
me faço herói,
eu salvo o mundo inteiro,
e acabo com aquele que distrói.
Eu brinco, e brinco mesmo,
sem ver limite,
pois cansei de ser preso,
e que ninguém me imite.
Esses jogos são só meus,
não cabem a uma pessoa normal,
são meus devaneios não seus,
e me são necessários para enfrentar o mundo real.
domingo, 27 de abril de 2014
Inspiração
depois que o sol se esconde,
vem até mim a minha bela,
ela vem na surdina e eu nunca sei de onde.
Ela vem quando quer,
e também quando deseja vai embora,
ela faz de mim poetisa e mulher,
seja num segundo ou em algumas horas.
Quando a lua aparece,
me deito,
eu a chamo em prece,
até que venha me visitar em meu leito.
Ela me sussurra lindas palavras,
me declama poesias,
se faz minha amada,
e rouba minhas noites vazias.
Ela vem disfarçada de mulher,
quando na verdade se chama Inspiração,
ela me fala o que quer,
eu ouço e logo escrevo com devoção.
Tempo pra Si
Hoje encarei o relógio,
e assim decidi:
Ele não manda mais em mim,
ele pode continuar correndo,
mas eu não vou correr junto com ele,
pode passar o quanto quiser,
nesse seu tic-tac,
nesse compasso metódico,
eu não me adequo a ele,
e decidi que também não quero.
Eu sou mais que esse ritmo imutável,
sou muito mais que esse som que não muda,
não acelera, não aperta o freio,
vai do mesmo jeito,
do jeito de ontem, de um tempo longe,
do jeito de hoje, de agora,
e irá no mesmo passo, amanhã.
Hoje eu quero tempo pra mim,
hoje tenho um encontro marcado,
o mais importante de todos
tem hora para começar,
mas terminarei esse encontro somente quando achar suficiente,
vou encontrar uma moça,
vou encontrar a moça que é "Eu"
esse "EU", essa moça, que anda distante,
mas hoje NÃO, hoje é dia de trazê-la para perto,
Vou encará-la com firmeza,
pois quero saber,
em que momento me tornei ela,
e em que momento me perdi dela,
quando foi que soltei a mão de mim,
em que estrada permiti que caminhasse sozinha,
mas hoje ei de acertar os ponteiros,
ei de me entender com ela,
ei de me entender comigo,
pois é mais que preciso,
é mais que necessário,
é um caso de ordem,
de ordenar a casa
de colocar no lugar,
o que acabou caindo,
pelo vai e vem dos meus passos.
sábado, 26 de abril de 2014
A respeito do que e como ando bebendo!
Eu lhe tomo pela manhã como café, um líquido quente que me faz acordar, e rapidamente acabo com o conteúdo da pequena xícara.
As vezes lhe derramo como vinho, numa taça sofisticada, esse vinho que é quente e doce, onde primeiro sinto o cheiro, e logo bebo em goles contidos, ao som de um bolero.
Noutros dias eu te bebo como "tubaina" de forma doce, alegre, e infante, naquele copo de plástico colorido, entre risos e memórias.
Numas noites, eu pego a taça mais bonita e coloco nela o melhor espumante, essas são noites de comemorações.
Confesso que numas tardes te engulo feito cachaça, tu me desce rasgando, teimosa e ardida.
Já te bebi cheia de álcool para me alterar um pouco, já te bebi gelada para me refrescar, já te bebi quente para me esquentar também, já te bebi como whisky esporadicamente, já te bebi como água e o faço quase que diariamente, de forma ou de outra estou sempre bebendo de você, me dando ao luxo de te degustar, por mais que vá mudando a textura, a acidez, a doçura, e temperatura. O faço mesmo sabendo da minha vontade de buscar por outros gostos, por hora vou simplesmente bebendo, quem sabe me afogo de tanto o fazer, ou morro de sede se não o fizer.
E você, como me andas bebendo? E em quais recipientes me está colocando?
quinta-feira, 24 de abril de 2014
Carinho
a maciez da pele,
a suavidade do toque,
é querer acariciar a alma,
é querer unir os corpos e os espíritos,
como que num casamento.
Percorrendo a outra pessoa,
com a ponta dos dedos,
quase que a não relar,
é o desejo de tocar,
e o medo de violar,
é o querer manter o que se tem como perfeição,
é a vontade de sentir,
e o medo de nesse sentir
perder o outro,
o temor por misturar a si tão errôneo,
tão profano
com o que se acredita santificado.
É querer rezar ao santo
mas querer também que para atender ele desça do altar...
Apaixonada por Cecília Meireles
Apaixonada por Cecília,
Pela tal Meireles!
Ela Grudou em mim,
Agora a gente anda pra cima e pra baixo,
Ela me diz que nem tudo é fácil
E eu alego não ter medo,
Ela me dá sua poesia, sua palavra,
E eu juro lê-la para sempre,
Nos falamos o que é conveniente,
Eu lhe juro amor,
Ela jura que não mente.
Me fala do seu retrato,
Onde percebe que tudo mudou,
Ah me fala também de um cavalo morto,
De felicidade
De suas fases,
Me fala de tudo,
E eu só escuto e lhe juro amor,
Pois um dia ficarei mudo,
E nem juras, nem a amor, nem ninguém,
Talvez nem Cecília, nem Meireles, nem a mulher,
nem a poetisa, nem a poesia,
Apenas mudo,
Enquanto isso vou amando Cecília,
Amanhã?
Ah, amanhã talvez volte para a Clarice,
Ou fique para sempre com Cecília.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Só tinha que ser com você, Elis a Musical
domingo, 20 de abril de 2014
Porta Retrato
A primeira me mostra com aquele sorriso, vestida pra festa. Porém uma festa em que não dancei. Pois se tivesse dançado não haveria tempo pra foto.
Pensei e percebi, que nada tinha vivido, havia apenas feito pose pras fotos.
Meu caso com Elis
sábado, 19 de abril de 2014
A moça devoradora de Textos
O sonho da Margarida
Oh pobre Margarida! Pense, que ela um dia se apaixonou pela jardineira, se achou no direito de acreditar que seria colhida por ela, que a cuidadora das flores a levaria para a casa, e que lá permaneceriam as duas. Porém não sabia a Margarida que a jardineira também era apaixonada, mas pelo jardim inteiro. A florzinha oferecia todas as suas pétalas, toda sua brancura e a alegria do seu amarelo. E não é que a moça do jardim aceitava? Aceitava sim, ia lá quase que todos os dias para ver a Margarida, pegava a pequena e lhe tirava pétala por pétala, a brincar de mal e bem me quer. Não importava se a desfolhava, o que servia mesmo era que a jardineira estava ali, perto da Margarida, e esta última sofria por lhe roubarem o que em si havia de mais bonito, porém continuava se doando sem pensar duas vezes, enquanto a jardineira se engraçava com as rosas, tão mais formosas, tão maiores, tão mais senhoras.
A florzinha chorava, prometia para si mesma que na outra manhã tudo seria diferente, e não daria suas folhas, que não iria sorrir, que nem sequer iria pensar na jardineira. E como conseguir tais se era a jardineira que lhe trazia a água para beber enquanto a chuva não vinha? Se era ela que preparava a terra?
Assim lado a lado prosseguiam as rosas e a Margarida, as primeiras eram sempre admiradas, eram sempre colhidas, eram sempre entregues como presentes das namoradas para as namoradas, dos namorados para os namorados, e dos namorados para as namoradas. E a Margarida inerte, presa naquele jardim, presa por vontade própria, tudo por causa do amor que continuava a alimentar pela que lhe cultivava.
O sonho da Margarida era apenas um, ser colhida, ser levada para a casa. E um dia para a sua felicidade isso aconteceu. A jardineira chegou pela manhã, apanhou a Margarida com cuidado e a levou para sua casa, a flor contente, foi rindo feito boba, ficou espantada com o ambiente fechado que encontrou e logo percebeu o que lhe esperava, no meio da mesa da sala havia um vaso com água onde foi depositada. As primeiras horas foi uma alegria só, mas depois começou o tormento, sentiu-se murchar, umas petalazinhas caiam de quando em quando, e a jardineira não mais olhava para ela, não mais brincava de mal e bem me quer.
E foi assim que a pobre Margarida foi morta pelo seu sonho, por realizá-lo. O jardim nunca mais ouviu falar da florzinha. Depois dela outras tantas vieram.
Será que vale a pena ser colhida? Ou melhor mesmo continuar como instrumento do jogo de quereres?