terça-feira, 14 de julho de 2015

Noite









Quero estar perto de você
quando a noite chegar
ela vem em cores,
texturas,
molduras,
sabores,
para você, vem se mostrar.

A noite se tinge,
ilumina,
desfila,
insinua.

Se mostra de costa
Deixando a toalha cair
feito amante
provoca,
faz charme,
convoca:
- Fotografe-me!
e você o faz.

Ela se exibe,
linda,
vaidosa,
colorida,
na sua fotografia.

domingo, 3 de maio de 2015

A âncora, o laço e o beijo.


A âncora é para que possa parar o barco sempre que tiver vontade ou fazê-lo correr quando desejar,
o laço é o lance todo,
e o beijo é por que é de nossa vontade.

domingo, 26 de abril de 2015

Moça do Laço de Fita



A Margarida só floresce
Quando a jardineira vem lhe afagar.
O poeta só escreve
quando a moça vem lhe inspirar.

A moça só fica bonita
Quando põe o vestido
O laço de fita
E o batom colorido.

O poeta só faz seu oficio
Se a moça vier
Ai que sacrifício
Depender dessa mulher.

Na noite sai a moça
Com a boca vermelha
A alma cor de rosa
Com uma flor se assemelha
E com estranho não tem prosa.

O poeta se arruma,
Ela não vem,
Procura e não encontra nenhuma,
Outra não lhe convém.

A moça bate na porta,
Encontra o poeta e lhe dá um abraço,
- Como está?
- O que importa? Hoje vai escrever sobre o meu laço.

Margarida Moreira

quarta-feira, 8 de abril de 2015


Desejo agora,
a poesia que liberte,
a viagem que não termine,
o amor que desperte,
o novo dia que anime.

Desejo pra já,
o riso frouxo,
a conversa longa,
o momento do tempo
suficiente,

Desejo assim;
te roubar do tempo,
te elevar no espaço,
te fazer sereno,
te libertar do cansaço.

Te fazer novo,
e me fazer inspirado.

Desejo a música alta,
o mar a nos banhar,
as cores em festa,
fitas do Bomfim para amarrar,
fazer pedidos,
fazer reza,
eu desejo te roubar.

Margarida Moreira

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Eu sou

É que eu sou feita disso,
desses versos,
dessas poucas histórias,
desse regresso,
dessas memórias.

Eu sou feita desses nomes,
semedão,
E quando não dizem
também deixo de os ser.

Eu sou feita dessa poesia,
livre e desimpedida,
que vai e que vem,
em busca da inspiração.

Eu sou esse olhar para moça,
esse olhar que nasce num segundo,
e não há de morrer nunca.

Sou a moça de amores maiores,
de amor eterno,
de poesia por profissão,
sou a estranha andando na rua,
que busca, que busca
a inspiração na sua figura.

Que te olha nos olhas e desejar roubar,
o mais profundo olhar,
que te segura nas mãos,
e jamais deseja soltar.

Margarida Moreira.

terça-feira, 31 de março de 2015

31 de março de 2015

A moça caminhava pela floresta, a noite caia e vinha com ela um mar sombrio chamado desconhecido e era exatamente isso que ela desejava. A alguns dias que pensava numa forma de encontrar a moça que havia perdido e pensou que se alguém quisesse fugir ou se esconder o melhor lugar para isso era aquele mar escuro.
Quando a noite caia não havia senhor nem escravo, homem ou mulher, existiam apenas sombras, umas fugiam, outras dançavam, mas ninguém reconhecia ninguém... Mas a moça era diferente de tudo que ela já vira e conhecia na vida.
Os cabelos ondulados, os olhos escuros e grandes, o corpo pequeno e os pensamentos imensos, a outra a reconheceria em qualquer lugar, com certeza.
Quando mais escuro mais convencido que encontraria a fugitiva ela tinha. Os barulhos cessavam e a escuridão crescia.
Ela caminhava, incansavelmente, com um único pensamento: encontrar a outra!
Ela pensava no cheiro, no calor da pele, nos cabelos, nos olhos que numas noites pareciam querer engoli-la.
De repente o silêncio da floresta foi tomado pelo canto assustador de um pássaro.
Ela se assustou e acelerou os passos, logo estava ofegante e desesperada. Teve medo. Gritou pelo nome da outra, mas não obteve resposta.
Pensou em voltar, mas quando percebeu já não sabia mais onde estava o caminho. Decidiu então que o melhor era prosseguir, no mínimo encontraria o que procurava, no máximo...não seria vista novamente.

quinta-feira, 12 de março de 2015

12-03-2015

Eu gosto quando beija meu ventre,
me olha e sorri,
como criança
a tentar fazer cócegas
a cutucar aqui e ali.

Eu gosto quando me afaga os cabelos,
a me despentear e a dizer:
- Fica mais bonito assim.

Eu gosto quando me rouba um beijo,
entre sorrisos e gracejos,
me agarrando a cintura
e me provocando uma verdadeira mistura
de sentires e desejos.

Eu gosto quando me inventa palavras,
fantasias, personagens,
quando me inventa mulheres,
de ser para você.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Sobre uma moça que queria casar

Era uma vez uma moça,
dessas bem jovens,
que encontrou um amor,
o amor noutra moça,
e com ela tanto queria casar.

Pedia,
insistia,
pedia de novo,
de joelhos,
de aliança,
de sorriso,
e de chorar,
pedia,
pedia,
e pedia,
e nunca ouvia não,
mas ainda sim insistia
em da outra pedir a mão.

Moça jovem,
de pensamentos ligeiros,
arquitetava,
sondava,
e a pedir continuava,
escrevia-lhe cartas,
poesias sem fim,
canções na janela,
flores numas manhãs,
e paixão numas noites.

A moça pedia,
insistia,
e então sorria
com o sim que da amada recebia.

Eram assim duas moças,
uma que queria casar,
outra que dizia:
- Sim.

Numa valsa interminável,
de pedidos,
respostas,
e amor sem fim.

Para Ser

Enquanto poeta
Preciso desse instante
Dessa paixão secreta
Desse amor delirante.

Para ser poesia
Preciso dessa moça
E de sua alegria
Que a tudo endoça.

Para ser mulher
Preciso desse corpo
E de me preparar para quando vier
Me amar e me deixar morto.

Para ser humana
Preciso dessa dor
E de ter-te em minha cama
E do seu amor.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Oração


Ô Bahia!
Quero meus pés nas suas ruas
Quero cheirar o seu mar
E me jogar nele
Agarrada a mão moça
No mar tudo se esquece
Tudo se cura
Lá se fazem juras
Se pede a mão
O corpo
E mesmo sem saber lá se tem a alma
E o coração

Ô Bahia
Quero teu mar lambendo minha pele

Ô Bahia
Abençoa o meu amor
Me deixa ser feliz com moça
Assim feliz pra sempre?

Ô Bahia
Como eu te quero...

12-01-2015

O coração apertou,
Uma, duas, três, lágrimas
Um mar rolou.
Aqui dentro,
Lá fora, tudo está seco.
Era um pedido de abraço
Um recuo
Um medo danado
Era assim um não sei quê
Um tanto de tristeza
Temor
Um pedido de perdão
Não sei por que e nem pra quem
Era o universo girando
Me chacoalhando
Batendo um pouquinho
Para depois salgar de vez.
Era assim, um começo de noite.
Um fim de sorriso...
Um pedido.